Por Geraldo Batista, VP de Operações da SysMap Solutions.

Em tempos de isolamento social, a distância entre os interlocutores e a impossibilidade do alcance auditivo e visual imediato, potencializa a utilização da comunicação assíncrona.

Comunicação assíncrona é aquela em que os interlocutores manterão a conversa, na medida que tenham tempo disponível e interesse em sua continuidade, não necessariamente de forma simultânea entre eles.

O homem talvez seja o único ser que utiliza outros meios, que não o seu próprio corpo, para se comunicar. Exploramos nossos cinco sentidos, criando, desde ferramentas rudimentares como sinais de fumaça e tambores, até o uso de ondas, através de uma intricada e sofisticada engenharia de diversos componentes, para levar e trazer a informação.

Percebemos que conseguimos, como nenhum outro animal, lidar com o fato que a mensagem não precisa ser transmitida imediatamente ao receptor e que a resposta pode aguardar. Desta forma, sofisticamos nosso processo de comunicação.

Criamos ferramentas que nos permitem enviar mensagens e saber que elas foram entregues, que foram lidas e, incrível, quando foram lidas. E, ainda melhor (ou pior), estas ferramentas podem registrar esta comunicação.

Se você participar de uma conversa direta, cara a cara com alguém e, meses depois, for instado a responder sobre o assunto em questão, poderá dizer que não se lembra ou, até mesmo, que não tenha prestado atenção. Se esta conversa, no entanto, for por troca de mensagens, você certamente não terá esta opção.


Já reparou que muitas conversas que poderiam e deveriam ser diretas, você ou seu interlocutor, preferem que sejam por mensagens, através de um aplicativo?

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Você manda a mensagem… fica minuto a minuto verificando se foi lida… depois fica minuto a minuto aguardando a resposta. No final, você manda uma mensagem perguntando se está tudo bem, se está sem sinal de internet, porque já faz 20 minutos que enviou a primeira e não foi respondida. 20 minutos???!!!!

Você pode estar pensando que estou escrevendo isso por experiência própria. De fato!

Sou de uma geração que chegou à idade adulta, quando ainda não existiam nem o e-mail e nem o celular. O e-mail foi a primeira ferramenta surgida que nos permitia escrever e enviar, instantaneamente, uma mensagem, estando diante de uma máquina ao nosso alcance imediato, o PC.

Em poucos anos veio o celular, o smartphone e os aplicativos. Tudo muito rápido. Pessoas de algumas gerações não tiveram tempo para se adaptarem. Não conseguem utilizar uma ferramenta, que foi projetada para não ter a interação síncrona, com o seu propósito real.

Creio que as novíssimas gerações não terão dificuldades com os diversos tipos e ferramentas de comunicação. Já reparei que a minha netinha de 5 anos se comunica comigo, mesmo quando estamos juntos, conforme as prioridades dela. Às vezes, quando está brincando, interrompo sua brincadeira e falo alguma coisa. Ela para, me olha, absorve e volta a brincar. Algum tempo depois, ela retoma aquela comunicação.

No meu caso, aos poucos, fui percebendo o propósito de cada ferramenta e para quais tipo de comunicação, cada uma, melhor se encaixava. Fui também reaprendendo as novas formas de comunicação e a ética a ser adotada. Hoje, se envio uma mensagem pelo WhatsApp e não veio a resposta no tempo esperado (isto pode ser minutos ou dias), envio uma vez mais, mas nunca antes de um período de 4 horas. Não veio, ligo. Não atendeu, repenso se o destinatário quer mesmo receber a mensagem. E bola pra frente!

É fundamental compreender que na comunicação assíncrona nenhum dos lados controla o tempo de resposta. Se você não consegue aguardar o tempo de resposta do interlocutor, interrompa a comunicação assíncrona e entre em contato direto.

Algumas dicas

  • Diminua sua ansiedade, não metralhe seu interlocutor com uma infinidade de perguntas.
  • Não tente registrar aquilo que seu interlocutor não quer que seja registrado. A confiança quebrada, dificilmente é restabelecida.
  • Leia o que escreveu antes de enviar.
  • Se não consegue pensar antes de escrever, não escreva.
  • Se preferiu gravar um áudio, ao invés de escrever, entenda que do outro lado quem recebe pode não ter condições de ouvir naquele momento.
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